segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Prazer, filha da angústia.

Ela saia à procura de algo, mas não sabia o que tanto procurava. Sempre mostrou ser uma mulher decidida, independente, e cheia de razões, e nesse momento ela entrava em desespero ao saber que sua vida não tinha sentido. Queria entender, como uma mulher que servia de exemplo para os outros, não era um exemplo para ela mesma. A angústia penetrava em cada pedaço do seu ser, talvez este sentimento sempre estivesse ali, mas enterrado. Estava sozinha, não queria escutar problemas de outros, só pensava na sua vida, e para esquecer o nada, decidiu beber, por enquanto o álcool era o seu melhor amigo. É certo que ela não tinha um companheiro, não sabia o que era vida a dois, e nesta busca incessante do sentido da sua vida, talvez estivesse nesse “companheiro”, mas logo desistia desse pensamento, quando lembrava do seu coração crucificado por bárbaros, movidos a um ódio gratuito. Ah! Ela nem podia amar novamente e não tinha forças(nem se ela quisesse), já que foram tantas as desilusões...

Não caiu em lágrimas por não ter um companheiro,o seu lema era: “Melhor sozinha, do que mal acompanhada”, e aos poucos esse lema já fazia parte do seu ser que nem tatuagem. Sua busca não era um companheiro, e sim o sentido da sua vida, chegou a conclusão  que o amor não resolvia nada, fazia somente a questão de cegar, e isso era o que ela mais temia, ela poderia ter a angústia , mas nunca perder a lucidez. Não queria viver de ilusão, achar que esses sentimentos universais poderia ser o remédio para todos os problemas. Repugnante eram as pessoas, que faziam questão de indiretamente dar “lição de vida” sobre o que era o amor, e dizer em alto e bom som que isso era o sentido da vida. Bom, então os problemas do mundo estão solucionados! Eureka?  Perfeito se fosse verdade, assim ela não estaria em uma mesa de bar, com o seu melhor vestido, o melhor vinho, a melhor noite, e sentido uma angústia maior do que o seu próprio ser. O seu vazio não seria preenchido com o amor, era ilusão achar que a vida a dois era a solução, na verdade seria a porta de entrada para outras indagações, problemas e muita angústia. Ela saiu daquele lugar sem respostas, e na verdade ela já sabia como terminaria a sua noite: Sem respostas.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Não, eu não te amo!

Decidiu não amar ninguém,esse era o seu mandamento.Constantemente o seu jeito era recriminado, ela por acaso não importava com opiniões alheias, continuaria em sua boémia voluntária...Ao anoitecer saiu para uma nova diversão, dispensaria alguém que possivelmente estaria apaixonado por ela. Pensamentos maldosos dominaram a sua mente,gargalhava diante da situação patética que ele se encontrava, pensou em vários "adeus" ... Chegou ao seu encontro com palavras na ponta da língua, frases automáticas.Ele aparentemente nervoso, sem frases automáticas, falou o que o seu coração mandava.

Ele queria entregar o seu coração, desejava ser o seu companheiro de toda a vida...Seu corpo,sua alma estavam abertos, na espera de apenas um "sim" daquela mulher que não ama ninguém a não ser ela mesma. Mas aquelas palavras mexeram com o seu íntimo, ela  podia acusá-lo de ser chato, impertinente, mas de "não amá-la"..isso ela não acusaria. 
Nunca se sentiu encurralada, naquele dia foi diferente. Sua expressão mudou, suas frases automáticas travaram,começou a sentir o seu corpo tremer.Ela então percebeu que não tinha experiência alguma no "amor",simplesmente era uma tola que nunca chegou a conhecer a dimensão do que é o amor.Ela estava por baixo, sentia isso.E ele estava triunfando sem ao menos saber. 


Ela então levantou a cabeça e golpeou o coração daquele rapaz com essas palavras: Não! Eu não te amo, e nunca vou te amar. Aquilo foi fatal, ela mais uma vez assassinava o amor.Ele no entanto disse que o amor que sentia era verdadeiro, era profundo, pensava até em um "para sempre".O detalhe que ele escondeu,era que ele sempre soube "quem ela era" e mesmo assim a amava sem limites e sem justificativas, não procurou explicar o "porque" de sentir um amor tão intenso por uma mulher fria que sempre negava o amor.

Na verdade,o amor tem razões que a própria razão desconhece! Ele por fim, tomou o seu veneno, carregou o seu coração ensanguentado e foi embora.Ela sentiu algo diferente em seu íntimo, não sabia dizer se era arrependimento, mas sabia que aquele momento não foi igual aos outros...Decidiu não pensar naquele momento, simplesmente voltou para o seu mundo interpretando uma falsa felicidade.


domingo, 26 de junho de 2011

Desapego

Não iria sair naquele dia, cuidaria da sua mente e do seu corpo, percebeu que fazia muito tempo que não olhava para si. Recusou vários convites para sair e não se arrependeu! Ela precisava desse tempo, não estava suportando lembrar do seu passado, nem pensar se alguém especial iria aparecer... Naquele momento, ela estava com sede do presente, este que devia ser a sua prioridade. 

Praticou o desapego com tudo que a fazia mal, e ele estava nessa lista.Não queria saber dele, mas inutilmente acabava relembrando, aquelas correntes não quebravam e a cada dia, ela perdia as suas forças. Pensou em apelar para um confessionário, queria contar todas as suas aflições, no entanto, viu que nada disso resolveria ou amenizaria a sua dor.Ninguém poderia entender o que se passava em seu íntimo, além dela mesma. 

Decidiu não pensar mais nas lembranças,deveria enterrar esse passado e seguir em frente. Porque era tão difícil? Simplesmente porque ela não praticava o desapego com pequenos atos que fazia uma grande diferença.Usou o imperativo em si mesma, não queria ouvir, ver e nem pensar nele. A sua grande indagação do "Porque ele fez isso?"  ficaria assim...sem resposta! Nem tudo que acontece na vida pode ter uma resposta, não é? Pensando nesse novo jeito, um alívio começou habitar em sua mente.Terminou o seu dia fazendo o que mais gosta e que há tempos estava  esquecido em sua rotina particular...

 Cuidou do seu corpo ,saboreou o seu chá favorito , escutou uma boa música e viveu!

sábado, 18 de junho de 2011

Sonhos Perdidos


Nunca sonhou com príncipes encantados,nem casamentos de princesa, muito menos em contos de fadas.Sempre foi realista e dizia sempre que isso tudo era "besteira", a vida para ela não necessitava de sonhos encantados e sim de ser sempre pé-no-chão,estava se conformando que amor eterno não foi feito para ela.Um dia,passou em uma loja e parou, algo tinha roubado a sua atenção naquela vitrine..era um vestido de noiva, nunca tinha olhado um vestido tão gracioso e belo. Seus sonhos que deviam estar perdidos em algum lugar, nascia naquele momento.Começou a imaginar, como seria o seu casamento, o seu príncipe, até um feliz para sempre.

Ela tinha que ceder, sabia disso. Não podia ser a "eterna realista", a vida também é feita de sonhos, precisamos disso.Mas ela não era tão culpada assim, homens brincaram com seu coração gratuitamente, e isso a machucava e tirava a cada dia a sua esperança de ter uma felicidade plena. Mesmo não conhecendo o amor, seu coração estremeceu quando olhou aquele vestido tão impagável em sua memória,ela estava resgatando aqueles sonhos perdidos, um sorriso crescia em seu rosto,não suportou somente olhar aquele vestido, queria tocá-lo..Deixou a realidade do lado de fora e entrou, foi aprender a sonhar . 

Linda de branco, como um anjo do céu, segurando rosas vermelhas,a cor do amor e da paixão.Seu olhar sereno, límpido caminhava para a felicidade plena, não sentia mais o seu coração, estava em êxtase, a porta aos poucos se abria,a marcha nupcial invadia a sua mente,não teve tempo para pensar, só podia sentir a felicidade em seu peito,caminhou para o altar da sua vida(...)


- A Senhora, deseja alguma coisa?

- Não, obrigada! 

O seu sonho foi interrompido, mas não estava perdido. Aquele sonho branco, ressuscitou a sua esperança.Percebeu que mesmo não alcançando um amor eterno,o sonho não podia morrer. A realidade impaciente estava chamando lá fora, ela se despediu daquele vestido de esplendor perfeito. Seguiu o seu caminho , mas com a certeza que contos de fadas não era uma "besteira", tinha sim muito sentido.

sábado, 28 de maio de 2011

Cárcere de si mesmo


Acordou pensando na sua vida e o que fez dela...Não que ela tenha "destruído", mas o sentimento de culpa e arrependimento estava muito vivo em seu íntimo.Indignou-se pois viu que ele estava bem e feliz com outra, mas isso não era ciúme ou algo do tipo, seu sentimento era de rancor,de injustiça. Pensou que nessa vida em algum momento  poderia ter justiça,já que ela tinha certeza que o bárbaro ia ser condenado,até imaginou ele sendo castigado por todo o mal que fez.
 Ela percebeu que não adiantava esperar uma "justiça", pois existem muitos bárbaros espalhados pelo mundo.Ele continuaria mentindo,usando um falso amor e abusando corações.A justiça não se viu, mas da prisão dele, ela saiu.A liberdade estava de novo em suas mãos,não conseguia esquecer,mas seguia em frente com muito sacrifício,no entanto ela ainda tinha a esperança que ia se libertar um dia não tão distante(...)